DOMINANTES - UMA BATALHA ETERNA  

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Uma Batalha Eterna

CAPÍTULO 1: O Fogo que Purifica


- Você recebeu minhas instruções?
- Sim, mestre. E já sei exatamente como eu vou pegá-lo.
- À meia noite, eu o quero aqui, de volta, e com o seu dever cumprido.
- Eu entendi perfeitamente, Mestre.
- Se você falhar, Angrew, é bom que tire sua própria vida antes que eu ponha as mãos em você.
- Não se preocupe, Mestre. Uma coisa que eu aprendi com o senhor é que, no final, o inferno sempre vence!

Campos do Jordão, São Paulo, Brasil.

É inverno. O frio que acerca o luxuoso chalé contrasta com o calor proporcionado pela lareira, acesa seis horas antes da sua chegada, conforme solicitado.
Como diretor financeiro da VobCom, Mason Hewey só deixava a Inglaterra por motivos estritamente profissionais, e uma oportunidade de descanso como a que lhe foi oferecida não poderia ser desperdiçada.

Ao adentrar a luxuosa cabana com sua inseparável valise, deixou escapar um leve sorriso de agrado com a bela e requintada mobília colonial. Na lareira à sua direita, um quadro com a imagem de um jovem sorrindo ao lado de sua esposa o fez divagar por um instante. “É...quanto tempo...” – pensou

Os quase cinqüenta anos de idade do executivo já eram evidentes em seu semblante, e seus cabelos brancos já eram incomodamente numerosos. Mason é casado há dezoito anos com Irene, uma respeitada advogada corporativa. Há cinco anos, ele havia conseguido convencê-la a trabalhar para a VobCom. Ironicamente, um contrato de extrema importância a faz permanecer na sede da empresa no mesmo dia em que viriam ao Brasil. Ele a fez prometer que viria no primeiro vôo do dia seguinte.

Caminhando pela sala de estar, colocou o pesado casaco no sofá, enquanto observava um de seus seguranças pessoais entrar na casa com duas grandes malas de viagem.

- Senhor Hewey, sua bagagem – Disse o segurança, ao passar pela porta com certo desajeito.
- Pode levar, Carlos – Respondeu, apontando a direção das escadas do andar superior, sem lhe dar muita atenção – E assim que sair, tranque a porta. Eu não quero ser incomodado.

Dirigiu-se até a outra extremidade da sala, onde uma porta dupla lhe deu acesso ao seu escritório. O macio tapete persa massageava seus pés, agora despidos dos sufocantes sapatos, enquanto se encaminhava à mesa, onde algumas últimas atividades profissionais o separavam de suas preciosas férias.

Sem perder mais tempo, retirou seu notebook da maleta e, como primeira medida, colocou-o para tocar Mozart, indispensável nos momentos de trabalho. Começou então a analisar os resultados econômicos da empresa. Quanto antes começasse, antes terminaria.

Porém, sua tarefa não seria nem um pouco rotineira esse ano. O Diretor Presidente da empresa, um homem que aliava severidade à ousadia nos negócios, havia compartilhado alguns segredos perturbadores com Mason. Segredos esses que envolviam uma divisão secreta da companhia, que realizava estudos de altíssimo nível tecnológico e de custos astronômicos. Esses valores jamais poderiam ser informados aos acionistas. Afinal, quem acreditaria que essas criaturas existem?

Mas o que estava realmente tirando seu sono não era o porquê de financiar o projeto, e sim como. Executar a ordem recebida antes de sair da Inglaterra parecia um desafio à lógica e, acima de tudo à matemática. “Como vou fazer para desviar trezentos e cinqüenta milhões de dólares?”

Após duas horas de trabalho, simulou o quanto conseguiria se adulterasse alguns documentos, superestimasse a previsão de despesas do próximo ano e forjasse alguns prejuízos inexistentes: o resultado foi um desvio de pouco mais de cem milhões. Um valor absurdamente alto, mas muito abaixo do solicitado – Desisto, continuo amanhã – pensou alto.

Enquanto Hewey reorganizava sua maleta, um cheiro estranho lhe entupiu as narinas. Não tardou a reconhecê-lo. Plástico queimado. Levantou rapidamente da cadeira, olhando a sua volta, buscando descobrir o que havia de errado.

Graças a fumaça que se acumulava no canto superior da parede, identificou rapidamente a causa do problema: a pequena câmera de segurança do escritório se apresentava completamente derretida. Observando-a por alguns segundos, como se desacreditando do que estava vendo, Mason foi surpreendido com um estalido às suas costas, seguido do som característico de algo sendo frito. Ao virar-se, pode ver a câmera posicionada do lado oposto da sala também se desfazer.

Embora o resultado do derretimento do equipamento estivesse bem diante dos seus olhos, inexplicavelmente nenhuma chama podia ser vista.

“Mas que merd....”

O executivo mal teve tempo de raciocinar sobre o estranho evento. De súbito, as chamas da lareira na sala de estar tomaram proporções descomunais, lançando-se em sua direção.

Instintivamente, Mason recuou, cobrindo o rosto e tocando a parede da sala com as costas. Percebendo que o fogo não se aproximou o bastante para atingi-lo, o executivo recuperou a postura por um momento, para que um grande frio lhe corresse a espinha no instante seguinte: O fogo havia retornado para sua posição original porém, diante da lareira, um homem de quase dois metros de altura, com longos cabelos loiros e de uma feição intimidadora, o observava como um predador que avista a presa.

Sem dúvidas, a vida de Mason Hewey poderia ser medida em segundos.

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1 post-scriptuns

Orum Orum Orum!

22 de janeiro de 2009 às 10:33

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